O olho no olho é o grande legado do evento
Foram múltiplos conteúdos e as sinapses começam a acontecer agora
Foram múltiplos conteúdos e as sinapses começam a acontecer agora
5 de novembro de 2021 - 18h18
Foi com o presidente de Portugal subindo ao palco que teve fim o Web Summit 2021, em Lisboa. Passados quase dois anos desde a eclosão da pandemia, de todas as inovações apresentadas, a mais evidente foi a retomada para as mais de 40 mil pessoas que por lá estiveram, decretando o reinício dos grandes eventos presenciais. Foram três dias intensos de atualização e networking, com corredores tomados por participantes entusiasmados, todos de máscara e passaporte de saúde – vacina ou teste válido por 42 horas – seguindo todos os protocolos de segurança.
Mas nem só de contato humano se faz um bom Web Summit. Entre os buzz words que ouvi, Metaverso, como já era de se esperar depois do recente anúncio de negócios feito por Mark Zuckerberg, ecoou forte já inserido nos pitches. Apesar de ainda não ser totalmente tangível, todos os presentes têm opinião e estão em busca ou já sabem como interagir no universo digital.
Jean Michel Jarre, ícone da música eletrônica, foi um dos palestrantes que se mostrou super seguro de como a novidade deve aproximá-lo de fãs que talvez antes não teriam acesso direto às suas apresentações por barreiras geográficas. Agora, “avatar com avatar”, ele acredita que conseguirá melhorar ainda mais performance e alcance. O artista comparou a chegada do cinema e as críticas provenientes à época dos que gostavam de circo e teatro com as falas contrárias ao “Meta”, apelido que já pegou. E Jarre vai mais longe: ele acredita que um ecossistema com novos empregos será criado, com técnicos, músicos e novos especialistas que surgirão para atender às necessidades desse mundo que renasce da maior crise sanitária do século.
Esperanças renovadas
Keyvan Peymani, responsável por chefiar a área de marca do Cirque de Soleil, viu um negócio de 49 shows por mês a zero diante da Covid-19 e acredita em algo híbrido que estará sendo criado daqui para frente. A indústria de entretenimento foi a mais afetada e nos palcos estavam sobreviventes como a marca de destilados alemã Mast-Jägermeister, que falou sobre a acertada decisão de criar o #savethenight , uma plataforma em que artistas e trabalhadores da “balada” puderam se expor e monetizar durante a pandemia.
Os setores de música e moda também tiveram grandes holofotes no Web Summit. Um dos palcos trouxe provocações interessantes sobre o futuro tanto das apresentações ao vivo e como as tecnologias que foram criadas para o digital devem ser híbridas agora que o mundo está novamente abrindo. Do lado fashion, Alan Boheme, CTO da gigante H&M, quase que em poesia fez uma palestra inspiracional chamando todos a refletir e opinar sobre como a moda pode interagir com o cotidiano, não somente de forma estética, mas auxiliando a medicina com gadgets acoplados que gerem dados ou soluções. Ele levantou ainda um questionamento sobre a necessária ressignificação do ciclo de usar e lavar a roupa não poderia ser resetado para que uma nova solução, mais ecológica e sustentável, surja. Boheme lançou o “what if” e deixou a reflexão no ar, prometendo responder a todas as perguntas e ideias que receber da audiência.
Ainda sobre moda e medicina, a Neuroelectrics trouxe uma touca que, aliada ao estudo 3D do cérebro do paciente, injeta corrente elétrica e permite tratamento em casa tanto de epilepsia quanto de depressão. E os estudos estão se ampliando para outras degenerações cerebrais.
Palcos de startups trouxeram aplicativos para turismo que têm mostrado aumento nos seus acessos e hoje registram 80% das compras online. Katia Walsh, Chief de Inteligência Artificial da Levis, contou dos bootcamps que a empresa tem feito apresentando tecnologias novas e empoderando funcionários, mostrando ótimos resultados nos 4 Cs – Criação, Comércio, Cultura e Conexão.
Sobre mídias sociais, vários influencers estiveram nos palcos dando dicas de como conseguir followers e resumindo: precisa ser interessante para um grupo de pessoas, achar essa tribo, mapear onde eles estão (em que rede social), ser consistente e trabalhar com o algoritmo – o verdadeiro “gatekeeper“. As dicas pessoais são para ficar afastado caso não esteja psicologicamente preparado para os “haters” e abrir mão da privacidade.
Brasil no topo
O sotaque, as gargalhadas dos brasileiros, as roupas hype e charme tomaram conta do evento. Os números específicos por nacionalidade não estão disponíveis, mas a sensação é que coube ao Brasil o prêmio de maior delegação presente, com missões organizadas por entidades voltadas ao fomento de negócios disruptivos. O unicórnio Quinto Andar esteve nos palcos, assim como startups nascidas em 2020 que provaram seu valor, caso da Mimo Live Sales, especialista em live commerce – uma das tendências quentes para o varejo digital que fica como boa herança da pandemia. Elas, entre tantas outras, mostraram a potência da inovação made in Brasil para o mundo.
Foram múltiplos conteúdos e as sinapses começam a acontecer agora. Mas o maior legado do Web Summit 2021 está na emoção traduzida pela cena final com as centenas de pessoas que fizeram o evento acontecer em cima do palco para a fotografia oficial. Todas as barreiras físicas e psicológicas que tiveram que ser sobrepostas para que nós, que estamos “repioneirando” o universo dos eventos internacionais, pudéssemos estar presentes em Lisboa agora. Palmas a todos nós!
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