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O tempo é agora

Primeiro dia da Web Summit discute o poder da tecnologia e seus impactos sociais


2 de novembro de 2021 - 13h30

(Crédito: Reprodução/ Web Summit/Paddy Cosgrave)

Com uma série de questionamentos, Ayo Tometi, CEO e fundadora da Black Lives Matter, encerrou o seu emocionado discurso na abertura do Web Summit, entre eles a reflexão que nos guia por aqui: porque é que estão aqui, nesta conferência? Quem vão ser vocês depois desta conferência, em que lado da História estarão? 

Não creio que poderíamos ter começado melhor essa conversa em tempos incertos como os que vivemos. Antes de discutir a tecnologia sempre gosto de discutir o impacto dela na humanidade, e sobretudo na construção de futuros. A tecnologia assumiu um protagonismo que não deveria, esse papel será sempre humano.

Mas ao contrário do discurso de terra arrasada, vimos várias conversas difíceis, mas positivas, compartilho com Ayo quando ela diz “acredito que nós somos aqueles porque temos esperado e temos a oportunidade de acelerar a implementação dos nossos valores”, atribuindo a tecnologia a capacidade de amplificar conversas e dar voz principalmente a grupos minoritários.

“O tempo é agora”, e é nosso dever reassumirmos esse protagonismo em nossas histórias, mas sobretudo àqueles que foram marginalizados na história. “Quando as vidas negras importam, criamos um mundo onde todos ganham”. Porém, do outro lado do poder positivo que a tecnologia tem a trazer, está o uso errado e que vem causando cada vez mais polaridade e mal-estar social. Antes mesmo do assunto tomar o palco no talk seguinte, Ayo comentou que foi rotulada na internet como ‘extremistas de identidade negra’ para que se torne alvo de trolls no universo digital.

E assim foi o assunto trazido ao palco por Frances Haugen, denunciante do Facebook, que tratou dizer que, sem minimizar o problema causado, esse mal-uso é pequena parte deste universo, porém a orientação da empresa pelo engajamento é que causa o maior problema, alertando que o algoritmo “tem uma forma de priorizar e amplificar o que é mais extremo” que leva justamente a disseminação das fake-news e aumento polarização.

Mas novamente, ao contrário de pregar o fim da plataforma, Haugen mencionou que acredita que é não é tão difícil assim o Facebook mudar, e isso passa pela necessidade de mudar a sua liderança. “Eu tenho confiança de que o Facebook pode mudar, Mark Zuckerberg, tem um sonho bonito, de ligar as pessoas do mundo, e é positivo focar no
positivo, mas é muito mau continuar a fazer os mesmo erros depois de saber que eles existem”.

Até mesmo nos discursos políticos da noite essa necessidade de olhar mais par o humano apareceu. Carlos Moedas, recém-eleito prefeito de Lisboa, pediu para fazermos coisas grandiosas, mas estarmos atentos aos detalhes. “Façam o que fizerem na vida, seja qual for o vosso projeto, sonhem grande, mas vão fundo nos detalhes porque é isso que vai mudar o mundo”.

Ainda tivemos no palco a presença do co-founder da Sorare, Nicolas Julia, que cravou que “Os NFTs serão a tecnologia do futuro para tudo de valor na web. Pode ser um valor monetário ou pode ser um valor pessoal.” Trazendo um papel também humano quando menciona a capacidade de democratização da riqueza gerada no ambiente digital “Queremos que as pessoas sintam os benefícios disso, que você realmente possui seu bem digital. Vejo que é uma tecnologia que sustentará tudo de valor na web.”

Fico mais do que empolgado com o que vem pela frente, pois vejo que estaremos imersos em conversas sobre como de fato podemos contribuir para um mundo melhor através tecnologia, justificando o motivo pelo qual desperto diariamente para através do meu trabalho empoderar a criatividade humana através da tecnologia e construir um futuro desejável mais democrático, diverso e ético, mais humano. O tempo é agora.

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