Amy Poehler: “Ativismo aparece em diferentes formas e tamanhos”
Fundadora do instituto Smart Girls, a atriz, comediante, produtora e ativista discorre sobre poder do empoderamento feminino e a relação com as redes sociais
Fundadora do instituto Smart Girls, a atriz, comediante, produtora e ativista discorre sobre poder do empoderamento feminino e a relação com as redes sociais
Giovana Oréfice
2 de novembro de 2021 - 17h07
Multifacetada, uma das principais atrações do Web Summit 2021 foi a atriz, comediante e roteirista Amy Poehler. Além do sucesso na frente das câmeras, ela também é uma defensora nata do empoderamento, o que culminou na criação da Smart Girls, uma organização em prol da autenticidade feminina. Quando questionada pela editora chefe da Teen Vogue, Versha Sharma, sobre a importância do apoio feminino, Amy declarou: “Sou muito protetora com as meninas e mulheres, especialmente, porque acho que se elas receberem o espaço certo, as perguntas certas e o espaço para se sentirem livres, seguras e protegidas, podem realmente se tornar a melhor versão de si mesmas”.
Ela destacou também a sua relação com mentoras que, ainda que nunca as tenha conhecido, mudaram sua vida. Algumas citadas por Amy foram personalidades das décadas de 1970 e 1980, como Carol Brynett, Gilda Radner, Catherine O’hara, sob a justificativa de que as figuras atuavam no que ela gostaria de trabalhar. Filha de professores de escola pública, a atriz ressaltou também a importância desses profissionais para a formação de mulheres mais seguras.
Trabalhando também nos bastidores de produções, Poehler dirigiu o filme Moxie: Quando Mulheres Vão à Luta, da Netflix, e deu vida à personagem Lisa. A trama conta a história de uma adolescente que criou uma revista anônima em sua escola para denunciar o machismo inspirada na sua mãe, Lisa. “O ativismo aparece em diferentes formas e tamanhos”, disse. “O que tentamos fazer no filme foi mostrar todas as diferentes maneiras que uma pessoa pode participar e como ela pode se sentir paralisada quando o peso se torna muito grande”, contou Amy, sobre o objetivo da produção. “Quanto maior a ideia, existe o sentimento de que as pessoas estão permitidas a se juntar e participar. Acho que quando lembramos sobre esses pequenos passos do cotidiano, podemos fazer a mudança na vida delas e fazer com que se sintam mais aptas”, recomendou. Sobre isso, a produtora ressaltou a importância de abraçar o ativismo em suas mais diversas frentes e abordagens.
Fazendo um contraste entre a geração dela e as que estão por vir, a diretora contou sobre sua percepção sobre conselhos e traçou um diagnóstico sobre a independência das mulheres e meninas atualmente. “Se você realmente cavar a fundo, vai perceber que o espaço que as pessoas precisam para descobrir as coisas é o que você precisa dar a elas. Hoje as meninas tem sua própria maneira de viver no mundo, muito única e muito independente”, acrescentou.
Estando fora das redes sociais — por entender que não era a maneira com a qual gostaria de estar presente nas discussões –, Amy encara a tecnologia como um canal de empoderamento para as gerações mais novas. Segundo ela, mulheres e meninas procuram garantir que a mensagem que está sendo passada seja autêntica, mas ressaltou que o uso tem ressalvas, uma vez que elas estão encarando as plataformas em busca da validação e isso pode ser ameaçador. Ela ainda comparou as redes sociais como uma janela sendo aberta a uma multidão no meio da cidade de Nova York. Versha Sharma completou dizendo que esse é um ponto de atenção na Teen Vogue, em que o time deve ser muito cuidadoso com as mensagens e imagens que transmitem às leitoras.
Sua organização se sustenta sobre a vertente da independência e autenticidade feminina. Esse conceito se baseia muito na percepção que Amy trouxe sobre a nova geração de líderes: “O que eu amo sobre a próxima geração de líderes é que ela está pensando em coisas que eu nunca imaginaria pensar, então espero que eu encoraje e dê espaço para que as pessoas pensem no que elas querem ser”, disse. Ela contou ainda que se pudesse fazer mudanças em sua juventude é que tivesse se mantido flexível e aberta à mudanças.
Comediante, Poehler entende que o ramo no qual atua mudou para melhor, mas ainda existem obstáculos a serem superados. A atriz se referiu a quais vozes o público quer dar destaque, incentivando a buscar novas. A comédia, inclusive, foi um dos respiros durante a pandemia, conforme pontuou a editora chefe da Teen Vogue. Outra questão em voga durante a crise foi a da saúde mental — tópico discutido abertamente por Amy. “A maneira com as quais grandes empresas estão falando sobre saúde mental e colocando isso como uma prioridade é extremamente otimista para mim, é uma mudança imensa em relação há alguns anos”, opinou.
O entretenimento também foi abordado ao longo do bate-papo. A roteirista se mostrou entusiasmada ao não poder prever a próxima produção com a qual irá consumir. Como exemplo, ela citou o fenômeno global coreano Squid Game — batizado de Round 6 pela Netflix no Brasil. “Tenho certeza que o próximo sucesso será alguma produção internacional que eu mal posso prever, e é isso o que eu acho tão especial sobre artes e criatividade”, comentou. No escopo da produção cinematográfica, Versha abordou a questão da representatividade e reforçou suas origens indianas para indagar de que forma figuras femininas são representadas por Amy. A resposta foi a de que há uma quebra de expectativas em relação à pressão que havia, em que mulheres protagonizassem personagens extraordinárias ou muito comuns.
Por fim, a editora chefe buscou saber sobre os próximos planos de Amy no campo da produção. A atriz está atuando na direção de um documentário para a Amazon, no qual duas mulheres marcam presença na indústria, com um espírito que permeou o painel no Web Summit, rondando sobre o questionamento “Por quê não?”.
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