Publicidade

A ONU da tecnologia: 1.547 oportunidades

WebSummit possui a característica global de ser uma referência e a pauta dos assuntos refletiu esta visibilidade mundial do evento, mas a execução pelo menos da noite de abertura repetiu os erros básicos da época pré-pandemia


2 de novembro de 2021 - 12h12

O evento conta com aplicativos para se comunicar com os participantes (Crédito: Paulo Mumia)

Nesta semana, acontecem dois grandes eventos presenciais. Um, organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Glasgow, Escócia, define as regras para o futuro sustentável. O outro, uma verdadeira ONU da internet, acontece em Lisboa, Portugal. O WebSummit se propõe a ser o maior e melhor evento sobre negócios relacionados à internet em todo mundo. Provavelmente, é um dos maiores eventos presenciais (F2F- face to face) até o momento, nesta fase de transição de pandemia para pós-pandemia.

Os organizadores estimam em 40 mil os participantes presenciais. O evento já recebeu mais de 70 mil pessoas antes da pandemia, na última edição presencial, em 2019. Portugal está entre os top 5 países no mundo com o nível completo de vacinação da população (quase 90% já tomaram as duas doses). Porém, na abertura oficial do evento, que aconteceu nesta segunda-feira, 1o., à noite, vários “defeitos” que conhecidos antes da pandemia se repetiram.

Parece que os organizadores não aprenderam nada durante estes últimos dois anos. Primeiro defeito: o evento focou 100% no formato presencial, com ingressos a mil euros por cabeça realmente deve ser um evento bem lucrativo, mas ao não oferecer nada online para uma potencial audiência remota, o evento deixa de obter uma divulgação mundial maior do que a atual. Uma pena!

Para ser sincero, se você tiver pago os mil euros da entrada e não conseguir se locomover até a venue ou até a sala da palestra, você consegue através do aplicativo do evento acessar ao streaming dos diversos conteúdos paralelos. Mas isso é muito pouco!

Por falar em locomoção, apesar da excelente oferta de mobilidade que a cidade de Lisboa oferece ao evento (o metrô chega a 100 metros de distância da Altice Arena, local da abertura oficial) a entrada no evento foi um ótimo “remember old times” pré-pandemia. Apesar de toda a comunicação evento>usuários ser feito através de um excelente app, as filas para entrar no local eram ridicularmente longas. Mesmo sabendo que estas filas existiram nas outras edições (este ano foi a 10ª edição do evento) cheguei 90 minutos antes do horário previsto da abertura e já existia uma fila enorme. Os portões de acesso só abriram uma hora antes do horário do início, nota zero para o acesso.

Participantes criticaram a organização das filas de entrada (crédito: Paulo Octavio Perreria)

Gestão de filas com multidão é uma arte inspirada pelos mais complexos estudos de engenharia hidráulica. Sim o estudo da movimentação da água é a melhor lição aos organizadores de eventos. Sabe aquela curva de rio? Então, o mesmo princípio se aplica para as filas, muito ruim um evento com esta magnitude não se preparar para gerenciar as filas. Sabe aquele casamento muito animado que você foi, mas no final o seu carro demorou 30 minutos para ser entregue pelo manobrista? É a mesma situação. O evento é relevante, mas erra na gestão das filas? Básico, não é?

Uma vez dentro da arena (minha estimativa: 25 mil pessoas no local), alguns problemas continuaram. O diretor do evento deve ter pedido a apresentadora portuguesa que fazia abertura para “enrolar” no palco pois as “filas lá fora estavam grandes”. Sabe aquele momento piadinhas não tão engraçadas que não parecem fazer sentido? Pois é… aconteceu.

Sobre o conteúdo da abertura tivemos o previsível, mas bem executado. O primeiro painel falou sobre o conceito do NFT abordado de maneira inteligente. Porque nós seres humanos colecionamos os mais diversos itens físicos, mas não colecionamos nada em formato digital?

Bom ponto para dizer que o futuro deste mercado blockchain/crypto/NFT tem grande potencial de crescer nos próximos anos. Daí tivemos a fundadora do movimento Black Live Matter reforçando que o conceito de diversidade está 110% nas agendas de todas as empresas hoje. E finalizou com a denunciante do Facebook, Frances Haugen, soltando a manchete da noite: “Todos os seres humanos merecem a dignidade da verdade”.

Um evento como o Web Summit possui a característica global de ser uma referência e a pauta dos assuntos refletiu esta visibilidade mundial do evento. Mas a execução pelo menos da noite de abertura repetiu os erros básicos da época pré-pandemia e demonstrou que os organizadores não aprenderam nada neste período.

Valeu a pena, entretanto ter ouvido o novo prefeito de Lisboa (disse que foi eleito a menos de 1 mês) afirmar no palco que a cidade de Lisboa “quer ser reconhecida como a cidade mais inovadora do mundo”. O acordo com o WebSummit para ser realizado até 2026 na cidade uma clara ação neste sentido. Será que teremos um evento como esse na cidade do Rio de Janeiro? Vamos aguardar as negociações neste sentido.

Os eventos presenciais têm o poder de ser vetores positivos na economia das cidades que os recebem. E as 1547 start ups presentes no evento demostram claramente que o networking e atrair investidores é o objetivo máximo de todos os presentes. Viva os eventos presenciais! Estávamos sentindo sua falta, mas que bom que vocês voltaram. Agora para ficar! Viva o live marketing!

Publicidade

Compartilhe

Patrocínio