Meio&Mensagem

1 de novembro de 2021 - 18h34

Portugal respira inovação – e não só durante o Web Summit. Mas, embora o evento e suas dimensões sejam dignos de manchetes, o palco também chama atenção: o país, há séculos berço de vanguardistas e aventureiros, mais uma vez se coloca como um pioneiro no mundo. Portugal está se reinventando com base na inovação e no empreendedorismo, desbravando novos mares e criando oportunidades para talentos internacionais. 

Portugal está no centro das atenções mais uma vez por ser sede do Web Summit, um evento que ficou conhecido como a primeira “tech conference” do mundo. O summit acontece entre 1 e 4 de novembro e tem palestrantes que vão desde Frances Haugen, a ex-funcionária do Facebook que jogou a rede social (e a atual empresa “Meta”) nos holofotes, até Craig Federighi, senior VP de engenharia da Apple – passando pela atriz Amy Poehler e centenas de outros nomes impressionantes.

Os números mostram um cenário impressionante. Cerca de 10% da população trabalhadora fundou ou co-fundou uma startup, segundo o Global Entrepreneurship Monitor. Mais de 500 mentores participam do programa de aceleração Lisbon Challenge, que levantou mais de 75 milhões de euros para startups. E há uma presença crescente de público internacional nesse programa. No outono de 2019, cerca de 47% dos participantes eram de fora de Portugal. Apenas um ano depois, esse número subiu para 65%. De onde vêm esses empreendedores? Boa parte do Brasil, e também um número considerável de espanhóis e britânicos, segundo dados do Lisbon Challenge.

Planejamento e estrutura

Mas como o país se tornou tão atraente para startups e empreendedores? Foi preciso muito planejamento, uma base educacional para inovação e incentivos públicos. Portugal tem algumas das melhores faculdades de engenharia e negócios na Europa, segundo a US News. Todos os anos, centenas de jovens têm acesso a educação de qualidade e oportunidades.

Além disso, os custos empresariais, especialmente taxas e impostos, são mais baixos do que em outros países no Velho Continente – e muito mais em conta do que em lugares hype como o Vale do Silício, por exemplo. Ter uma empresa e viver em Portugal é mais barato e a qualidade de vida é excelente. Em 2017, por exemplo, foi eleito o país com melhor qualidade de vida para expatriados, segundo o Expat Insider.

Não é à toa que o país atrai imigrantes. Aí, é preciso reduzir a burocracia para que eles consigam de fato empreender. Portugal tem acordos com diversos países, inclusive com o Brasil, que facilitam a imigração. Além disso, há planejamento. O programa do governo Portugal 2030, que traça caminhos para o país nessa década, traz como uma de suas prioridades Inovação e Conhecimento. No projeto, os portugueses deixam claro: querem “assegurar as condições de competitividade empresarial e o desenvolvimento da base científica e tecnológica nacional para uma estratégia sustentada na inovação”. 

Para atrair os cérebros que serão responsáveis por essa inovação, Portugal se tornou um dos mais fáceis para se fazer business. De acordo com o World Bank, Portugal está em 39, de um ranking de quase 190, em relação à facilidade de fazer negócios. Além disso, aparece em primeiro lugar, junto com países como Dinamarca e Áustria, quando se trata de facilidade para Comércio Internacional, segundo o mesmo ranking. 

O resultado está claro: de 2019 para cá, a combined valuation dos quatro unicórnios de origem portuguesa mais do que triplicou. Juntas, Farfetch, Talkdesk, OutSystems e Feedzai valem cerca de 31 bilhões de dólares, segundo dados da CB Insights. 

Lisboa é o palco do Web Summit, e Portugal o centro de uma revolução no mundo de startups que está só começando. Se conseguir o que está construindo para 2030, o governo português poderá ter um novo Vale do Silício em plena ocidental praia Lusitana.