De robôs a influenciadores peer to peer
Seis coisas que vi no Web Summit para ficar de olho até a edição que vem
Seis coisas que vi no Web Summit para ficar de olho até a edição que vem
12 de novembro de 2019 - 17h44
Imagine vender a sua ideia em três minutos para mais de 15 mil pessoas. Este é o conceito por trás do Web Summit, que terminou há alguns dias no Altice Arena em Lisboa e discutiu tudo o que a trintona Web promete para os próximos anos. Falou-se de robôs e outras inteligências artificiais, mobile e realidade aumentada, estratégia de influenciadores e outros jeitos das marcas entrarem na conversa. A agenda foi intensa: quatro dias, cinco pavilhões e mais de 20 palcos. Essas são seis coisas para ficar de olho até a edição que vem:
#1 Robôs falam sobre ovelhas elétricas?
A robô Sophia reencontrou seu avô Philip K. Dick no terceiro dia de #WebSummit. Phillip tem 14 anos — 100 em anos de robô — e foi criado pela Hanson Robotics em homenagem ao autor de Andróides sonham com Ovelhas Elétricas? (sabe Blade Runner?). Desengonçado, não tem timing para piadas, e o rosto às vezes se mexe de um jeito estranho, como se sofresse de Parkinson. Já Sophia desliza sobre patins, mas é elegante e até bonita — como a atriz que a inspirou, Audrey Hepburn. E sobre o que robôs falam? O sistema por trás de sua inteligência artificial. Sophia funciona sob o protocolo Soul e tem inteligência híbrida: meio humana, meio artificial. Este link explica um pouco mais. Ou você pode falar diretamente com a Sophia no Twitter.
#2 Gifs vão ajudar marcas a entrarem na conversa
Alex Chung, fundador da Giphy, maior plataforma de gifs do mundo, acha que gifs podem ser um jeito das marcas entrarem nas conversas. Em qualquer plataforma digital. Social está caindo, as pessoas estão cada vez mais usando mensagens e stories (posts curtos do Instagram). No Giphy, você pode pesquisar qualquer gif e até criar o seu — é a oportunidade perfeita para se criar conteúdo relevante. Alguém brindando a vitória com a camisa do Barcelona ou uma lata de Coca-Cola. Mas o papo sobre marketing foi além: o brasileiro Fernando Machado, CMO do Burger King, acha que o grande player do marketing é a criatividade. Até mudou o lema de “Have your way” para “Be your way”. Katia Bassi, da italiana Lamborghini, quer que todo mundo se sinta parte da família por isso, não faz campanhas, só eventos relevantes para seus clientes.
#3 Marketing de influenciadores é old news? Pense novamente!
Empresas já gastaram bilhões realizando divulgações por meio de influenciadores. Com o uso e abuso dessa possibilidade, as interrupções de conteúdo para o famoso jabá se tornaram uma coisa chata e nada autêntica. Pensando nisso, Bonnie Takhar criou o Let’s Bab, um app que “paga pessoas reais por sua influência”. Peer to peer, usuários indicam produtos aos seus amigos e, caso eles os comprem, o oferece crédito em dinheiro no perfil. Você pode sacar, dividir com amigos ou doar para uma das diversas ONGs que apoiam. Seria esse o fim dos #publis?
#4 A gig economy está aí. Mas a gente ainda não sabe ride-share nem pagar em moeda universal
No Brasil, mobilidade começa a avançar, mas o mundo já discute a economia compartilhada. Scott Painter, fundador da Fair, empresa do portfólio do SoftBank, com quem tivemos o prazer de conversar ontem, acha que o potencial desse tipo de mobilidade vai muito além das perdas de Uber e outras empresas do tipo. Capital intensivo é essencial, e sem o SoftBank não teriam conseguido chegar aonde chegaram. Painter está de olho no Brasil, e na Localiza, e como financiar modelos de negócio baseados em mobilidade compartilhada. A economia pode parecer global, mas não vai chegar no ponto enquanto não pudermos pagar em moeda global — TransferWise e GoCardless estão tentando pensar nessas possibilidades.
#5 O NYTimes ainda sabe muito de storytelling
O jornal americano NYTimes foi o primeiro a entender que era importante garantir tráfego com notícias gratuitas, mas podia ganhar dinheiro com bom conteúdo. Em 2004, restringiram o acesso aos editoriais — chamados de Op-Eds — de seus principais jornalistas. Hoje, mais de 15 anos depois, Graham McDonnell, diretor criativo do estúdio in-house do grupo apresentou seus truques para a plateia ávida dos ContentMakers do #WebSummit. “Todo mundo gosta de uma boa história. Está quase escrito no nosso DNA”. O vídeo completo, que inclui um trecho do Show de Truman e Justino y la Fábrica de Maniquíes, pode ser conferido abaixo na íntegra.
#6 Plástico não é mais cool. Mesmo
Todos os dias, as startups mais bacanas fazem o pitch para um grupo selecionado de investidores e uma plateia de mais de 15 mil pessoas. Plástico era certamente um dos temas principais desta quarta. Qwarzo nem se define como startup e tem uma ideia ambiciosa: substituir todos os produtos de plástico do nosso dia a dia por variantes de papel. O lema é simples: “We replace plastic”. GoodBag talvez seja menos ambiciosa, mas o marketing é decididamente melhor (e os links estão todos funcionando): por meio de um app com boa usabilidade e uma sacola cool, as pessoas podem contribuir para o reflorestamento.
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Entre FOMO, JOMO, enchurrada de buzzwords, legalzices, Aha’s! e as minhas tentativas de onipresença, me dei conta que uma palavra não deu as caras na Altice Arena: “concorrente”
Amigão, faz o simples
Depois disso sim, invente e reinvente para sempre. Posicione cada entrega como um produto. Arrisque, teste, erre, evolua, complique. E simplifique novamente