Amigão, faz o simples
Depois disso sim, invente e reinvente para sempre. Posicione cada entrega como um produto. Arrisque, teste, erre, evolua, complique. E simplifique novamente
Depois disso sim, invente e reinvente para sempre. Posicione cada entrega como um produto. Arrisque, teste, erre, evolua, complique. E simplifique novamente
12 de novembro de 2019 - 18h58
Gosto de cozinhar coisas legais. Uma massa diferente, um tempero fresco, uma apresentação surpreendente, uma ocasião especial. E o feijão com arroz? O feijão com arroz fica bastante a desejar. Cozinhas de distância da minha avó e do boteco da esquina.
Um avocado toast no pão de fermentação natural combinado com ricota italiana e salteado com pimenta e sal himalaio é inspirador. Mas o pão francês abraçando a manteiga derretida vagarosamente é um acontecimento. Nem vamos chamar o pingado no copo americano para não apelar.
A vida é assim. Você não precisa escolher entre um ou outro. Mas que é difícil bater o simples é demais, meu amigo.
Candy Crush, Giphy e Baby Shark (pode parar aqui a leitura se você não cantarolou a sequência doo doo doo doo doo doo). O que todos eles têm em comum?
Todas as coisinhas coloridas do quebra-cabeça que você conheceu há sete anos nasceram de duas premissas apenas, que só em 2018 trouxeram mais de 1,5 bilhões de dólares de receita.
Challenge enough. Funny enough
E como se manter vivo e rentável após 5.645 fases já criadas? “Changing the game”, Humam Sakhnini. Direcionados pela pergunta-chave de como direcionar o nível mais alto de engajamento. E corajosos pelos riscos de não decepcionar as pessoas a cada saída da esteira de inovação contínua.
Alex Chung foi o speaker mais sorridente que assisti nos quatro dias de evento. É bem fácil entender o porquê né. Ele ganha dinheiro compartilhando gifs.
E mais feliz o Chung, que faz isso e ainda enche o bolso graças a um modelo de negócio radicalmente inovador #sóquenão: anúncios online. O grande lance é que não se trata de imagens engraçadas em movimento e sim de “express ourselves”. Assim eles lideram o mercado de mensagens e lançam um produto atrás do outro:
Giphy stickers, animated emojis, animated text, Giphy AR/VR, Giphy camera, Giphy arcade, Giphy avatars, Giphy hardware, Infinite objects, e contando…
Todos os dias são 9 bilhões de posts nas redes sociais e 267 bilhões de mensagens enviadas. Enquanto isso Google, BK, Mc, Nike, Amazon e Fox são alguns dos grandes que têm apostado na plataforma de busca e conteúdo para as suas marcas.
O Ryan Lee tinha o segundo sorriso mais fácil dos palcos. Apesar dos sempre polêmicos copyrights, baby, mommy, daddy, cachorro e papagaio-shark são um sucesso de família. O 5º vídeo mais visto da história do YouTube, as 20 semanas no Top100 Billboard e mais buscas que Elsa e Mickey são alguns dos milestones.
O sul-coreano começou contando a história bonita sobre o como criaram o single, que pra mim não colou. Mas independente da composição, a magia mesmo está naquilo que fizeram depois. Bem by the book, entenderam e acreditaram naquilo que eram bons:
Making kid’s songs
A partir daí, adaptaram o produto às necessidades do consumer X buyer, fizeram a transição de um hit para uma marca e iniciaram a tangibilização da promessa por meio de conexões com novos produtos, ativações e parcerias.
E aí, onde está a sua inovação agora?
Justamente em fazer co-existir o simples e o complexo.
Ouça as pessoas, entenda os seus sentimentos e entregue o que precisam. Faça o óbvio e apenas o que precisam.
Depois disso sim, invente e reinvente para sempre. Posicione cada entrega como um produto. Arrisque, teste, erre, evolua, complique. E simplifique novamente.
Do pão com manteiga ao MVP, o segredo está em se manter apaixonado pela complexidade das pessoas.
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