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Web Summit 2019: um statement pela democracia

Do início ao fim, nunca ouvi tanto a palavra democracia num evento de tecnologia como nesse. A Europa deu o recado: é a força de equilíbrio entre o poder das big tech americanas e o modelo chinês de controle governamental


8 de novembro de 2019 - 12h02

(Crédito: Trifonenko/ iStock)

Quando o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, encerrou o Web Summit com um discurso inflamado, ovacionado em vários momentos por uma plateia de mais de 20 mil pessoas, a síntese do Web Summit 2019 estava posta.

“Falamos de privacidade, falamos sem medo sobre manipulação de informações vindo de forças políticas e econômicas. Infelizmente, as leis estão ainda atrasadas para resolver questões cruciais para a democracia. Precisamos de regras mais fortes, precisamos de uma democracia com cultura cívica forte, onde ninguém pode ser deixado para trás. Esse é um ponto chave”.

Do início ao fim, nunca ouvi tanto a palavra democracia num evento de tecnologia como nesse Web Summit. Da abertura por Edward Snowden, o ex-agente americano da NSA , passando pelo ex- primeiro ministro grego George Papandreou, o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair até o fechamento pela toda-poderosa comissária da União Europeia para concorrência, Margrethe Vestarger, a Europa deu o recado: é a força de equilíbrio entre o poder das Big Tech americanas e o modelo chinês de controle governamental.

“Esse é o lugar da Europa, garantir a democracia. Nem o modelo de “corporate surveillance” americano, nem controle governamental. Somos o fiel da balança” , declarou George Papandreou.

Fato é que os líderes europeus não querem ser engolidos, vão lutar em bloco para garantir que o uso da tecnologia – e da internet – cumpra seu papel cívico de inclusão, traga crescimento econômico para todo o continente, mas não deixe de lado valores democráticos de liberdade e proteção do cidadão. Utópico? Pode ser, mas isso é música para os ouvidos num mundo cada vez mais polarizado onde uma enorme crise de confiança varre o planeta.

Snowden é cético e acha que nem a LGPD vai resolver essa questão, que “elevou a barra” no quesito segurança, mas a origem do problema está, sim, na coleta dos dados. Ao serem coletados estão sendo arquivados, manipulados e usados a favor de interesses econômicos ou políticos. Que devemos confiar apenas na comunicação direta entre as pessoas. De que forma? Eu prefiro me juntar ao clamor da CEO da Wikipedia, Katherine Maher : “Confiança é o backbone invisível que move o mundo que conhecemos. Confiança está no centro da cooperação internacional que precisamos aprimorar. Sem isso estamos isolados e solitários. Espero que confiança venha pela colaboração. O futuro não é um ato isolado”.

Só nos resta torcer.

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