“Tecnologia sem controle nos faz menos humanos”
Margrethe Vestager, comissária de Concorrência da União Europeia e responsável por multar o Google em € 4,3 bilhões, ressaltou a necessidade de uma taxação igualitária às tech companies
Margrethe Vestager, comissária de Concorrência da União Europeia e responsável por multar o Google em € 4,3 bilhões, ressaltou a necessidade de uma taxação igualitária às tech companies
Luiz Gustavo Pacete
8 de novembro de 2019 - 5h00
O cerco em relação às grandes empresas de tecnologia está fechado na Europa. Principalmente se depender do empenho de profissionais como a dinamarquesa Margrethe Vestager, comissária de Concorrência da União Europeia e responsável por multar o Google em € 4,3 bilhões no mês de março deste ano. Margrethe defende que exista um imposto global fazendo com que essas empresas paguem as taxas também nos países onde são acessadas. Ela já recebeu várias críticas do presidente Donald Trump, por exemplo, que a chamou de “senhora dos impostos”.
Presente no palco do Web Summit nesta quinta-feira, 7, e por muitas vezes ovacionada, Margrethe reforçou que não é contra a tecnologia, no entanto, entende que está havendo uma distorção em relação ao poder e o controle que grandes empresas com o Google, Apple, Facebook e Amazon possuem. “É saudável que haja uma taxação global às empresas de tecnologia, não somente na Europa, mas sim um acordo global. Não faz sentido que a maioria das empresas pague impostos em todos os locais onde atuam e outras não”, afirmou. Ela ressaltou que, de fato, falar de cobrança de impostos não parece ser algo positivo ou otimista em relação ao progresso, mas neste caso, em especial, não é possível que se continue tolerando injustiças.
Outro assunto apontado por Margrethe foi o uso de redes sociais para fins políticos. Diante do questionamento sobre o papel das plataformas sociais na eleição do presidente americano Donald Trump, ela ressaltou que não faz sentido que a publicidade política digital seja diferente no online e no offline. Para ela, o rigor e a fiscalização devem ser o mesmo. Ela reforçou positivamente o gesto do Twitter que, nesta semana, anunciou que vai parar de permitir anúncios políticos. “A prioridade em qualquer relação de plataforma e usuário deve sempre ser o ser humano, temos centenas de novas tecnologias recentemente, mas elas precisam refletir os nossos valores”, ressaltou.
Ela também mencionou sua preocupação com a Libra, moeda digital anunciada pelo Facebook este ano. Para Margrethe, a Libra possui inúmeras ambições, mas nada muito claro em relação ao seu papel. Por fim, ela ressaltou a necessidade de garantir segurança aos usuários de redes sociais. “As empresas precisam garantir melhores ferramentas pra que possamos nos proteger e impedir que sejamos rastreados todo o tempo”. Margrethe também deixou uma mensagem a Mark Zuckerberg quando questionada se ela era otimista em relação ao esforço das empresas de tecnologia na questão de segurança e privacidade. “É muito mais sobre fazer e menos sobre falar.”
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