Meio&Mensagem

8 de novembro de 2019 - 9h38

(Crédito: Nasa/ Unsplash)

Não sei porque desde que ouvi pela primeira vez, ainda na escola, sempre gostei da história de Santos Dumont. Um brasileiro responsável pela melhor invenção do mundo. Só estamos todos aqui no Web Summit graças a sua invenção.

Lembrei dele várias vezes durante o evento. Líderes das principais empresas de tecnologia do mundo parecem estar assustados com o monstro que criaram.

Desde o primeiro dia, com a apresentação do presidente da Microsoft, Brad Smith, ganhou força o questionamento ético do uso da tecnologia. Não há dúvida sobre o poder gerado ao captar e processar dados sobre as pessoas e seus comportamentos. A forma como se trabalha esses algoritmos pode realmente mudar o rumo da sociedade e talvez da história da humanidade.

Todos fingem acreditar que é possível brecar a ambição da utilização dos dados por meio da Lei Geral de Proteção de Dados. A LGPD é fundamental, mas de difícil execução. Ela trata de como os dados devem ser usados após serem captados. Há correntes de opinião que acreditam que o mais correto a fazer é proibir a coleta dos dados. A tentação de o que se deve ou não fazer, já com os dados em mãos, é muito difícil de se controlar. É como convencer um adolescente a não compartilhar um nude recebido pelo celular com os colegas de turma.

No terceiro e último dia do evento, o tema ficou ainda mais quente. Margrethe Vestager, comissária de Concorrência da União Europeia, foi direto ao ponto, sem cerimônias e afirmou com todas as letras que “tecnologia sem controle nos torna menos humanos”.

Segundo ela, a prioridade de qualquer plataforma tecnológica deve ser o ser humano. Todas as inovações devem refletir nossos valores.

Assim como Santos Dumont que tirou sua própria vida quando soube da utilização do avião na guerra, o mundo da tecnologia está muito preocupado com sua própria artilharia.