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Web Summit e o futuro da humanidade

Existem duas maneiras de participar do evento: aproveitar freneticamente o que é apresentado ou observar com um distanciamento cético


7 de novembro de 2019 - 14h47

(Crédito: SportsFile)

Meu primeiro dia de Web Summit me impressionou, de diversas formas. Logo na entrada percebi que estava atrasado. Mesmo tendo chegado ao portão vinte minutos antes da palestra de abertura, não consegui entrar no horário. Se a multidão tivesse permitido minha entrada, levaria os vinte minutos para atravessar os cinco pavilhões e chegar ao palco principal.

Mas a sensação de estar atrasado não era apenas com relação ao relógio. Avaliando os assuntos tratados durante a conferência, e a forma como eram tratados, a sensação era de certo descolamento no tempo. Por exemplo, feito o primeiro desvio e desistindo da primeira palestra, entrei na segunda da minha lista: “The Future of Human Existence”. Um título ambicioso para uma palestra de 20 minutos. Mas, como poderia me economizar outros 20 anos (ou mais) de minha vida, dediquei o máximo de atenção a ela. A palestra, capitaneada pela Nokia, explorava a relação entre o distanciamento humano, sua capacidade cognitiva, sua produtividade e a forma como a tecnologia poderia auxiliar os humanos, quase como esteroides tecnológicos, ampliando nossa capacidade de conexão, entendimento e produtividade.

Estes títulos se multiplicam nas diferentes palestras, em todos os tracks do evento, coisas como “A Tecnologia substituiu a Religião” ou o “Futuro dos Carros Autônomos”. De fato, alguns dos modelos de negócio propostos dão a sensação clara de descolamento temporal. Tudo é tratado em uma velocidade frenética e nem sempre com a profundidade devida e adequada. Mas tem uma aderência enorme com o público. Em certos momentos, em algumas palestras, a sensação é de participar de um culto. Luzes e frases que levam o público a aplausos: “Vamos mudar o mundo 1% de cada vez”, “O Web Summit foi o lugar que o futuro escolheu para nascer”. Exageros bem-vindos dado o gigantismo do evento e a ambição do público.

Não significa, obviamente, que eu concorde com a forma ou com o conteúdo. Ou mesmo com a forma na qual o conteúdo é apresentada. Mas o Web Summit é, definitivamente, um lugar para inspiração. O participante tem duas opções claras e precisa tomar uma decisão para aproveitar o evento. A primeira é aproveitar freneticamente o que é apresentado, quase como se estivesse em um festival de música, e deixar que o evento lhe guie. A segunda é observar com um distanciamento cético, e fazer com que este distanciamento lhe permita questionar o que foi apresentado e tentar identificar o que é possibilidade de negócios e o que é exagero. Acredito que as duas levem a bons resultados. Mas minha opção foi pela segunda via. Estou adorando o que vejo.

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