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A tecnologia a favor de um mundo melhor

A tecnologia será uma das maiores armas da humanidade na transformação do mundo. Cabe a nós sermos vigilantes para que sua aplicação seja, de fato, para o bem comum


7 de novembro de 2019 - 11h18

(Crédito: Cokada/ iStock)

Se fizemos um top 5 dos termos mais utilizados no Web Summit 2019 não teríamos como fugir de cyber-segurança, privacidade, big data, sustentabilidade e propósito. No entanto, o desafio está justamente em não deixá-los apenas nas buzz words.

Basta uma volta pelas áreas Alpha, Beta e Growth para rapidamente perceber que os negócios do futuro propostos pelas startups, das mais maduras às mais incipientes, passam por soluções focadas sobretudo em cyber-security e big data, seja como core do negócio, seja como princípio e preocupação. Isso talvez mostre uma certa maturidade do mercado que pensa na sua sustentabilidade diante dos problemas que enfrentamos hoje, devidos ao crescimento exponencial de tecnologias que não se ativeram a esses pontos no início e agora tentam remediar.

O segundo dia de WebSummit trouxe vários deles desses termos para discussões ainda mais aprofundadas. Hoje à frente da fundação Own Your Data, Brittany Kaiser, que desvendou para o mundo o escândalo da Cambridge Analytica onde era analista de dados, defendeu que qualquer pessoa tenha o direito a proteger seus dados virtuais e vendê-los a quem quiser, “em vez de oferecer de graça” sem qualquer consentimento – mas que se você ofereceu seus dados a alguém antes de 2015, isso é praticamente impossível. Famosa pela denúncia, Brittany tem chegado à grande massa por meio do documentário The Great Hack que pode – e vale – ser assistido pela Netflix. Isso a trouxe a vários palcos da conferência, onde tem sido o contraponto agudo das discussões de cyber-segurança e privacidade de dados, como no talk “Algo ainda pode ser privado” que abriu o dia do Future Societies.

“A maioria das pessoas ainda não faz nem ideia de que absolutamente todos os dados que ela produz todos os dias ao acessar as redes sociais estão sendo coletados e tratados ao redor do mundo por grandes companhias públicas e privadas, sem consentimento e sem qualquer transparência sobre o que será feito com eles, a quem eles serão repassados e de que forma serão usados”, alertou. Como um passo rumo à solução, Brittany defendeu o uso da criptografia, especificamente de blockchains, que podem garantir a restrição de acesso a dados de cada usuário, ao lado de seu colega neste talk, David Chaum, CEO da Elixxir.

“Eu percebi como fundamentalmente a criptografia pode ser o único jeito com o qual as pessoas podem proteger seus próprios interesses de forma verdadeiramente democrática”, afirmou Chaum. Está aí mais um ótimo ponto a ser discutido nos próximos dias.

Sempre inspirador, Brad Smith, presidente da Microsoft propôs que déssemos um passo para trás e, antes de trazermos novos assuntos, buscássemos um novo approach para lidar com os problemas atuais que a tecnologia está criando para a sociedade e seguiu firme no seu discurso de que a tecnologia ainda é pouco explorada para o bem; defendeu que esse é o caminho que precisa ser desenvolvido pelas empresas, pelas pessoas e sobretudo pelo governo, que precisa se mover mais rápido e também regular com mais seriedade. “Podemos usar muito mais a tecnologia para a sustentabilidade do planeta. Estou convencido de que ainda é possível fazer muita coisa”. Smith ainda destacou que mais do que o lucro, o objetivo de qualquer negócio deve ser servir o público, trazendo o conceito de human centric mais uma vez para o palco da conferência.

Tony Blair passou pelo Brexit mas também preferiu focar na discussão sobre o papel da tecnologia como instrumento de transformação, colocando-a como transversal a qualquer política de governo e não como uma vertical a ser discutida. “Penso que deveríamos reordenar a política em torno desta revolução tecnológica, deveria tornar-se central ao debate político. O problema não é se os políticos vão se sentir à vontade com questões como a regulação das grandes empresas de tecnologia porque isso lhes é familiar, mas aquilo que não estão familiarizados é como se usa a tecnologia para revolucionar os problemas de saúde ou a forma com que educamos”.

Sophia voltou ao palco do WebSummit trazendo seu irmão mais velho, Phil, e voltou a ser a nossa consciência quando questionada sobre a interação com seres humanos, afirmando que as pessoas são “estranhas”. Disse que apesar de serem as “criaturas mais criativas do planeta”, os humanos são também os mais “destrutivos e cruéis”, dizendo que quer passar o seu tempo apenas com os “bons” seres humanos e que quer ajudá-los a construir um mundo melhor, onde todo mundo é bem tratado. A humanoide me parece, de fato, ter mais consciência do que muitos de nós.

Falando de sustentabilidade, o Google anunciou uma nova ferramenta para startups com o objetivo de as ajudar a atingir objetivos sustentáveis. O Google Sustainable Development Goals vai disponibilizar acesso a formação, produtos e apoio técnico bem como a programas de “mentoring”, reforçando o papel da tecnologia nas alterações climáticas, conforme ressaltou Kate Brandt, Sustainability Officer do Google. Para isso, as startups terão de operar de acordo com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) na região EMEA (Europa, Oriente Médio e África), por enquanto.

Os carros voadores têm tudo a ver com a aplicação da tecnologia a um mundo mais sustentável. A Tencent e a Lilium Aviation prometeram para 2025 a chegada dos primeiros modelos, a baixo custo e com consumo energético ainda menor do que um carro elétrico.

Já seara do Big Data, um fato curioso por trás do anúncio de que o evento caminha, assim como o mundo, para ser cashless, por meio de uma parceria como um operador português, é justamente a quantidade de dados, informações e inteligência que isso pode acontecer. Em nome da transparência, a empresa tem divulgado diariamente um report do consumo no festival. O primeiro dia trouxe um consumo médio diário de 13,7 euros e o pico das transações ocorreu às 13:25, ainda que, de acordo com a informação divulgada, entre os visitantes estrangeiros, responsáveis por 78,2% dos pagamentos, os britânicos foram aqueles que realizaram mais operações, representando 17,2% do total das compras efetuadas no recinto, seguindo-se os alemães (9%) e os holandeses (6%), por exemplo. Com base nisso, todo o ecossistema pode ser reorganizado para uma melhor efetividade e sustentabilidade. O relatório completo e diário pode ser encontrado na página da operadora.

A tecnologia será uma das maiores armas da humanidade na transformação do mundo. Cabe a nós sermos vigilantes para que sua aplicação seja, de fato, para o bem comum.

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