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Uma experiência da nossa sociedade in vitro e in loco

5G, produção em excesso, cents de temáticas e o paradoxo da escolha


6 de novembro de 2019 - 17h24

(Crédito: Reprodução/Facebook)

O Web Summit começa para nós visitantes muito antes do desembarque, em Lisboa. Tudo inicia quando decidimos nos registrar. São mais de 20 áreas temáticas, no mínimo algumas centenas de startups clamando por atenção, 77 mil pessoas navegando alguns pavilhões, com uns tantos milhares buscando reuniões numa já desafiadora agenda Tetris – excluindo aqui os encontros ao acaso. De fato, precisaríamos de um Google curador que pudesse nos ajudar a debulhar e decidir sobre o que fazer, ou mesmo (ainda melhor) o que evitar. Não pensei que aos quase 40 anos de idade iria querer recorrer ao livro do professor para resolver a aritmética diária que se tornou nossas agendas.

Definitivamente toda nossa contemporaneidade está aqui no evento, como se fosse uma experiencia da nossa sociedade in vitro e in loco. Eu que vivo FOMO, me pergunto o tempo todo: Qual é a próxima palestra? Onde fica Panda Conf? Melhor, o que é Panda Conf? Tony Blair é hoje? Mas porque o Cantona falou apenas 15 minutos? Em boa parte das palestras os atendentes estão mais concentrados na agenda do que no conteúdo. Acontece.

É o paradoxo da escolha escancarado. São quatro dias intensos, com micropalestras de 20 minutos. Algumas de quatro minutos. São mais uma combinação de áudios do WhatsApp com pitches que te convidam a aprofundar-se num futuro que já passou. Você não viu? Futuro este, que, estará ainda mais próximo da mão com o 5G, ao multiplicar, em no mínimo, 100 vezes nossa capacidade de produzir dados. Aqui, inclusive, a conversa do Marcus Weldon, da Nokia, teve ressonância. Estamos multiplicando nossa capacidade de produção de conhecimento numa progressão geométrica, mas, a pergunta que ecoa é: e retenção de tudo isso? Segundo a IBM, em 2017 já duplicávamos o conhecimento produzido neste planeta a cada 13 meses. Ano que vem, que bate à porta em menos de dois meses, esse salto produtivo em dobro se dará a cada 12 horas. Contudo, nossa curva do esquecimento será ainda mais acentuada.

Aí, mais questionamentos: Produzimos mais para usufruir menos? Estamos perdendo ou ganhando produtividade? Quais habilidades necessárias para viver feliz nesta Ferrari chamada 2020?

O Web Summit é uma experiencia ímpar, pois nos coloca de frente com a questão nada mundana: profundidade ou pluralidade? Eu, pelo menos pelos próximos 20 minutos, escolho pela latitude. Vou me acomodar aqui na cadeira do espaço future societies. Aqui, com algum grau de incerteza, tenho maior probabilidade de temas mais perenes (mas ainda me pergunto, o que é a Panda Conf?).

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