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Trend Hunting @Web Summit – Episódio #1

No final do primeiro dia “para valer” da Web Summit já é possível observar e destacar alguns fatos e tendências


6 de novembro de 2019 - 11h41

Web Summit 2018 (Crédito: Divulgação)

Com mais de 70 mil pessoas se cutucando para conseguir caminhar pelos pavilhões gigantes da Web Summit, lutando para chegar nos locais marcados previamente nas suas agendas, o ritmo do dia é absurdo, sem pausas nem momentos de descanso até às 17h, momento em que todo o mundo se prepara para fazer uma refeição decente e, quem sabe, enfrentar os desafios e tentações da Night Summit.

Num exercício de Trend Hunting bem preconceituoso, esperaríamos encontrar turmas bem parecidas e estereotipadas entre empreendedores, investidores, corporativos e curiosos. Pois bem, desenganem-se. É difícil encontrar ambiente mais cosmopolita, internacional, diverso, representativo e sem regra que esse. Tem literalmente de tudo, com enorme informalidade, enorme respeito, gigante e avassaladora troca de conhecimento e vontade de aprender, de partilhar.

Se algo poderia sublinhar em termos de Trends Hunting estará relacionado ao comportamento em relação a gadgets e tech devices. Assim, encontramos um padrão de mochila/backpack, AirPods, smartphones última geração, Powerbanks e alguns gadgets de filmagem e gravação mais sofisticados para os mais dedicados.

Confesso, com humildade, que pela primeira vez na vida senti FOMO (Fear of Missing Out), tal é a quantidade de temas, palestrantes e stands interessantes para estar, assistir, interagir e partilhar, quase ao mesmo tempo, exigindo uma enorme tarefa de escolha, eleição de prioridades, compartilhamentos em grupos de amigos para que, com ajuda de aplicativos como o Otter e outros, seja possível, no final do dia, fazer um wrap-up mais tranquilizador.

Deste primeiro dia, destacaria, entre tanta oferta que consegui observar, o seguinte:

– Ronan Dunne, CEO da Verizon, trouxe-nos uma visão incrível do que será o mundo 5G, comparando com a entrada do automóvel versus o cavalo, ou o que a TV foi para a rádio. De todas as vantagens já amplamente divulgadas, focou na vantagem energética, entrando num mundo em que necessitaremos de apenas 10% da atual energia para um mundo 5G. O compromisso da Verizon com ecologia foi brilhantemente demonstrado com o filme “There is no Planet B”, apelando para a mobilização no dia 26 de setembro de 2020, no evento Global Goal Live.

– O painel feminino de CMOs com Barbara Martin Coppola (IKEA) e Kristin Lemkau (JPMorgan Chase) trouxe riqueza para o debate com exemplos práticos dos resultados da diversidade de gênero, comentando a passagem para a fase da neutralidade e da aceitação da vulnerabilidade humana – o reconhecimento que não somos perfeitos e que somos todos, independente do gênero, apenas humanos. As características fundamentais procuradas no recrutamento de marketers é a adaptabilidade, mais do que o conhecimento profundo desta ou daquela tecnologia.

Já a Ikea mostrou como o Phygital já é uma realidade para eles e como alugar móveis em vez de comprar está mais proximo do que imaginamos. No caso do JPMorgan, Chase Kristin relatou como o compromisso com missão e valores é compatível com a dureza dos relatórios trimestrais de uma empresa listada na Bolsa. Ser autêntico, fiel ao propósito de cada empresa é um ingrediente comum de sucesso.

– Kevin Weil, VP de Produto Calibra/Facebook realizou uma sessão muito esclarecedora sobre o lançamento em 2020 da Libra e do wallet do Facebook, Calibra. Repetindo outros casos de sucesso, o FB não se limita a lançar um produto ou um app, lançando antes, numa iniciativa ampla, aberta, partilhada e colaborativa, um ecossistema. Dentro desse ecossistema, onde o FB deterá menos de 1/100, existirão milhares de Wallets, entre elas, a Calibra, do próprio FB. Kevin, abrindo para a audiência que compreende que muitos não queiram confiar a sua vida financeira ao FB, revelou que os usuários poderão escolher qualquer outra Wallet dentro do ecossistema Libra – e que para eles, tudo bem.

– Melanie Perkins relatou a sua Garage Story (no caso dela, foi a sala de jantar da mãe) no nascimento do Canva. Mais uma vez demonstrou como a persistência, resiliência, pivotagem e aprendizagem são fundamentais no caminho do êxito. Hoje, eles têm mais de 20 milhões de usuários por mês e mais de 700 funcionários.

– AI no futuro do Design. Um painel com Yali Saar (Tailor Brands) e Marcus Fairs (Dezeen) relatava como a automação alimentada por curated AI está apresentando soluções de escalabilidade e preço acessível para o segmento de pequenos negócios e pessoas físicas. Referiram, em sua defesa, que a originalidade humana da criação é um mito, que na verdade já tudo foi inventado e que todo o humano se inspira em algo já criado, logo, similar a um bom motor alimentado por AI. Prefiro não comentar aqui.

– Assim chegamos ao talk da Cassie Kozyrkov, Chief Decision Scientist da Google, para ouvir um relato incrível sobre como AI pode representar mais inteligência. Na verdade, o conceito de Machine Teaching arrasou, mostrando que a curadoria humana tem um papel fundamental na contextualização, foco, processo de erro e aprendizado, testar-testar-testar, e de prudência com confiabilidade. Foi uma aula de como ter uma AI segura e efetiva.

– Com David Eun, Chief Innovation Officer da Samsung, tivemos uma viagem ao que será uma casa em 2025 que nos deixou com água na boca para ter logo tanta mordomia e conforto, ou, como ele refere, para entrarmos logo na fase das experiências. Num mundo em que as novas gerações já não querem “ter” e sim “viver”, a imersão em novas experiências de forma relevante vai ser uma necessidade para quem quiser prestar serviços.

– Com Manik Gupta, Chief Product Officer da Uber, conhecemos a atual obsessão com a experiência frictionless dos usuários e a satisfação dos motoristas. Ele surpreendeu ao revelar que, globalmente, 40% dos pagamentos do Uber são efetuados em dinheiro vivo. E ainda que ¼ dos drivers não têm conta bancária. Então o que no Powerpoint parecia ser um ponto de fricção, na realidade os obrigou recuar. Terminou reafirmando que teremos carros voadores em 2023. Cá estaremos para cobrar.

– From keywords to AI-enabled conversations. Rohit Prasad, VP & Head Scientist Alexa/Amazon, trouxe uma apresentação incrível do que está por trás da voz da Alexa. Desde a importância e complexidade da “Wake word”, aos desafios do “speech recognition”, principalmente em termos de contexto, cultura e especificidades geracionais, onde uma reciprocidade direcional de aprendizagem foi implementada, levando para um futuro em que a amiga Alexa será cada vez mais “inteligente”, mais proativa, mais adivinhadora dos nossos pensamentos e necessidades. Vimos a desenhar um cenário com Alexa everywhere e for everyone.

– Com a Gillian Tans (Booking.com) e Simon Segars (Arm Inc) aprendemos as melhores práticas para o estabelecimento de valores da empresa. Mais uma vez, “autenticidade” é a buzz word onipresente. Um dado relevante é que o modo como são escritos os Valores (wording) muda muito quando as empresas deixam de ser pequenas startups e se tornam grandes corporações. Ambos relataram que os verdadeiros valores da empresa são aqueles que circulam entre os diversos funcionários quando ninguém está ouvindo, são o testemunho real do que efetivamente interessa. Falaram ainda dos desafios de crescer além fronteiras mantendo a identidade, valores e cultura, respeitar culturas locais mantendo a cultura corporativa, desafios e oportunidades.

– Para terminar o dia, um talk incrível da Katherine Maher, CEO Wikipedia, abordando a polêmica da crise de conhecimento vivida ao redor do mundo e causada pelas fake news, mau uso da informação e disseminação de conteúdo irrelevante. Em contraponto, argumentou que um número expressivamente maior de pessoas está mais informado, querendo saber mais, e que todo o problema se centra em torno da confiança. Ela acredita que em toda a crise existe uma mega oportunidade e que é na desgraça, na calamidade, no abismo, que o ser humano revela o seu melhor – sua compreensão, sua força de colaborar, seu foco em ajudar e contribuir para um bem comum. Reafirmou que o conhecimento é a pedra basilar da civilização e que é um recurso não escasso, no sentido que não diminui conforme o uso.

Enfim, como disse no começo, foi um dia bem rico – e olha que não peguei nem 1/5 do que estava rolando por lá! Por isso mesmo não deixe de ler tudo o que vai saindo, você não vai querer perder.

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