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Years and Years

Como as novas tecnologias vão impactar o mundo e o que a minha profissão pode fazer para ajudar?


5 de novembro de 2019 - 12h57

Edward Snowden falou por videoconferência (Crédito: Camila Molleta)

Este pode parecer um review de seriado, mas não é. Uma semana antes de eu embarcar para Lisboa, para o meu primeiro Web Summit, coincidentemente ou não, assisti a Years and Years, da HBO. Há semanas, amigos me falavam que eu “tinha que ver”, mas sabia que ia ser pesado e adiei. Pensa num Black Mirror com uma dose assustadora de realidade. Pois é. Trans que não significa mais transexualidade mas sim, transumanismo, sexo com robôs, crises migratórias e novos campos de concentração; e uma líder déspota que fala absurdos e acaba sendo eleita ao cargo mais alto do governo inglês (falei que tinha uma dose de realidade). O fato é que a ficção nos informa sobre o futuro: tanto para os tênis sem cadarço de Back to the Future, quanto para os futuros distópicos.

Há dois anos, quando pensava numa conferência de tecnologia, imaginava sempre o lado positivo: o que as novas tecnologias trariam de benefício e como a minha profissão seria afetada (sou designer e trabalho na profissão há 18 anos). Hoje, o pensamento é ligeiramente diferente: como as novas tecnologias vão impactar o mundo – positiva e negativamente – e o que a minha profissão pode fazer para ajudar?

Esse pensamento não é só meu. Não à toa, quem abriu a conferência nessa segunda-feira, 3, foi Edward Snowden, o whistleblower mais conhecido do mundo, falando diretamente da Rússia, seu exílio há seis anos. Snowden acredita que o problema é que a internet é global mas as leis, não. Por isso, legislações europeias, como GDPR (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados) são bem intencionadas, mas não resolvem o problema. Elas falam da proteção dos dados, mas não endereçam à grande questão, que é a coleta de dados e que segue sendo feita de forma indiscriminada. Ao mesmo tempo em que a internet democratiza o acesso, ela também dá mais poder aos que já são muito poderosos, e o grande problema das big tech companies está no próprio modelo de negócio, que foi feito não para explorar dados, mas sim, pessoas.

Quando penso em coleta de dados, confesso que não vejo muita solução: hoje é virtualmente impossível não compartilhar dados, mesmo que você queira voltar aos tempos do celular analógico. Agora, responsabilizar as empresas que detém nossos dados e poder verdadeiramente escolher o que é feito com eles, é um futuro que eu gostaria de ver. “Para que possamos proteger qualquer pessoa, temos que proteger todas as pessoas”.

E sim, sexo com robôs é o tema de uma palestra no track de Deeptech. É claro que eu vou ver.

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