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“A deep tech determinará os rumos da inovação”

Ricardo Lima, head de startups do Web Summit, aposta na sobreposição de várias tecnologias como a próxima grande onda de criação de negócios

Luiz Gustavo Pacete
4 de novembro de 2019 - 12h30

Por existir há nove anos e se considerar uma startup, a Web Summit, empresa que organiza o evento homônimo, o Rise, em Hong Kong, e o Collision, em Toronto, se considera apta para entender o que outras startups precisam e fazer do Web Summit o principal evento para elas.

Ricardo Lima, head de startups do Web Summit, é responsável por coordenar uma equipe que trabalha o ano inteiro mapeando tendências e startups promissoras que estejam desenvolvendo negócios que tenham impacto e capacidade de escala.

Ao Meio & Mensagem, Lima fala sobre os setores que aparecem com maior força no Web Summit deste ano e destaca o papel das startups no processo de retomada econômica de Portugal.

Ricardo Lima: “A nossa equipe se propõe a selecionar as startups mais promissoras do mundo” (Crédito: Divulgação)

Meio & Mensagem – Qual a importância do Web Summit para as startups que estão presentes no festival e de que maneira o evento contribui para sinalizar tendências?
Ricardo Lima – O Web Summit é a maior concentração de empreendedores no mundo. Temos pessoas de mais de 170 países e o propósito de se tornar um dos melhores lugares para se fazer negócios no mundo. O objetivo de nossa curadoria de startups é focar na próxima geração de negócios e, ao mesmo tempo, atrair algumas das maiores empresas e palestrantes do mundo. A nossa equipe se propõe a selecionar as startups mais promissoras do mundo e depois criar as oportunidades certas para que elas possam se conectar com investidores, jornalistas, potenciais clientes e parceiros.

“A primeira coisa que é preciso entender é que a maioria das startups vai falhar – alguns números apontam para taxas de sobrevivência após cinco anos na ordem de menos de 10%.”

 

Como isso se dá na prática e qual o desafio de transformar esse ponto de contato em casos concretos?
Através de ações como os investor meetings, as reuniões com mentores e as competições de Pitch. Este contexto dá a oportunidade às startups presentes de ter uma visibilidade e criar uma rede de contatos que, de outra forma, seria muito difícil e custoso de conseguir.

Pode listar alguns dos setores mais promissores e as tendências que aparecem durante o festival tendo em vista as startups que se apresentam durante o Web Summit?
A maior presença de startups neste ano vem da área de software, fintech, e-commerce e varejo. Em relação às tendências, vemos cada vez mais a deep tech – machine learning, inteligência artificial e mixed reality – a ser aplicada em indústrias diferentes determinando os rumos da inovação.

Quais são os diferenciais do Web Summit, do ponto de vista da relação com startups, em relação a outros eventos como CES e SXSW?
Do ponto de vista das startups, elas são a essência dos nossos eventos. Investidores, jornalistas, grandes empresas e outros públicos vêm aos nossos eventos para conhecerem novas startups e as inovações que podem ser desenvolvidas nas mais diversas indústrias – de robótica ao marketing. Para garantir a qualidade das startups temos uma equipe que trabalha todo o ano e que é responsável por entrevistar cada startup interessada em vir aos nossos eventos. São organizados, anualmente, três eventos que são os que mais rapidamente cresceram nas suas respectivas geografias – Web Summit em Lisboa, Collision, em Toronto, e Rise, em Hong Kong, para garantir que possamos maximizar as oportunidades de que vão dispor durante os nossos eventos. Tanto a CES como o SXSW são eventos já muito maduros, mas cujo core nunca foram as startups. Por outro lado, sendo a nossa empresa uma startup com nove anos, conseguimos entender as necessidades de outras startups quando vêm a um evento desta magnitude e criar oportunidades para elas através do uso de tecnologia que nós próprios desenvolvemos para maximizar as oportunidades de sucesso para elas.

“Tanto a CES como o SXSW são eventos já muito maduros, mas cujo core nunca foram as startups. Por outro lado, sendo a nossa empresa uma startup com nove anos, conseguimos entender as necessidades de outras startups”

 

A Europa, com destaque para Portugal, vive um momento interessante de efervescência em termos de inovação e do ecossistema de startups, por que isso vem acontecendo e quais as oportunidades existentes na região europeia em termos de negócios e tendências?
Portugal foi dos países europeus mais fortemente atingidos pela crise de 2011 (junto com outros países do Sul da Europa). Sendo um país pequeno do ponto de vista geográfico e da população, olhou para as startups como uma maneira de ajudar o País a recuperar economicamente e poder competir a escala global. Através de uma estratégia integrada do governo que visava facilitar a criação de novas empresas de base tecnológica por parte de residentes em Portugal, atrair negócios e talento estrangeiro através de incentivos fiscais e a criação de entidades como a Startup Portugal, Startup Lisboa ou Startup Braga que fomentam e impulsionam a visibilidade do país e a criação de polos tecnológicos um pouco por todo o país, Portugal tem-se posicionado como um país altamente atrativo para a criação ou crescimento de negócios de base tecnológica. Nesse sentido, Portugal tem-se tornado quase como uma incubadora e aceleradora, na qual novas startups nascem cada dia e scaleups e empresas consolidadas escolhem Portugal para abrirem centros tecnológicos – como os casos da Revolut, Google, Mercedez-Benz io, SWVL e Zalando, só para nomear alguns.

“Portugal tem-se tornado quase como uma incubadora e aceleradora, na qual novas startups nascem cada dia e scaleups e empresas consolidadas escolhem Portugal para abrirem centros tecnológicos”

 

Pode mencionar algumas startups que passaram pelo Web Summit em outras edições e ganharam projeção internacional?
O Rappi participou em 2015 e já levantou mais de US$ 1 bilhão. A DefinedCrowd participou em 2016 e conheceram investidores durante o Web Summit. Unbabel, que é de Portugal, já levantou mais de US$ 90 milhões. Tem também a Codacy, vencedora da competição de Pitch de 2014, a Oneplus e a Branch, que já levantou US$ 240 milhões em todas as edições do evento.

Qual o desafio atual da inovação para as startups? Como conseguir escalar um negócio em meio ao surgimento de tantas opções de negócios e empresas distintas?
A primeira coisa que é preciso entender é que a maioria das startups vai falhar – alguns números apontam para taxas de sobrevivência após cinco anos na ordem de menos de 10%. Esse é o maior desafio que qualquer startup enfrenta: começam em um jogo que a partida já está perdida. Tendo por base este cenário, posso tomar um exemplo prático para tentar explicar alguns fatores que podem levar uma startup a escalar no contexto atual de hipercompetitividade: as startups neste momento já não só competem entre si, mas competem também muitas vezes em indústrias monopolizadas pelas big techs. Focaria em três pontos principais: a equipe tem que estar a resolver um problema existente no mercado, a equipe tem que ser capaz de resolver esse problema do ponto de vista técnico e o timing tem que ser o certo para se resolver esse problema.

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