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Web Summit: mais JOMO e menos FOMO

Mesmo em experiências físicas como o evento, podemos nos permitir uma sensação de alegria e contentamento ao perder certos conteúdos e simplesmente curtir o momento


7 de novembro de 2019 - 15h09

(Crédito: Divulgação/Sheila Arandas)

O autointitulado maior evento de tecnologia da Europa causou muito incômodo em alguns participantes exatamente pelo seu exagero em tamanho e quantidade.

Em uma noite e mais três dias inteiros, cerca de 75 mil pessoas, considerando participantes e equipe de produção e serviços, enfrentaram filas enormes para quase tudo: entrar no local do evento, fazer um lanche nos food trucks (refeição completa não existia), usar o banheiro, refilar a garrafinha de água, tomar um café, guardar malas, retirar algum brinde e até mesmo para obter informações básicas sobre o próprio evento. Era tanta espera que apelidei o evento de “FilaSummit”.

A programação do Web Summit é superlativa e frenética, espalhada por diversos palcos e espaços, com quatro pavilhões de stands, vários speakers que parecem interessantes, gente circulando para lá e para cá… e muito FOMO — fear of missing out.

Em livre tradução para português, FOMO é aquela sensação que em algum lugar alguma coisa imperdível está acontecendo e você não está lá, e está (sim) perdendo algo incrível!

O Web Summit é a tangibilização, a vivência exemplar do FOMO, aquele tipo de evento que, para sentir-se, minimamente, confortável, o participante vai precisar criar uma estratégia de sobrevivência que inclui chegar muito cedo, comer em horários alternativos (eles não permitem que o participante traga sua própria comida), meditar antes e após sua ida ao evento, ou então apenas praticar o JOMO!

Eu nunca tinha ouvido a expressão JOMO, mas acabei vendo três talks que tiveram participação do fotógrafo Rakin, figura interessantíssima, que falou sobre o “joy of missing out” em todas as suas falas.

De maneira simples, o JOMO é a alegria que podemos sentir quando, sim, estamos perdendo algo que está acontecendo em algum outro lugar em que não estamos presentes.

No mundo atual podemos imaginar que isso se refere apenas à internet e as redes sociais que, frequentemente, geram “FOMO digital” nas pessoas que, por exemplo, estão no trabalho vendo seus amigos em um festival participando de altos shows ou assistindo palestras incríveis, enquanto eles estão em sua vida cotidiana!

Hoje, já existem diversos estudos que fazem relações diretas entre a sensação de FOMO e o aumento nos casos de depressão e ansiedade. Isso não é novidade. A novidade mesmo é o tal JOMO.

A noção de JOMO, apresentada pelo Rakin, transcende a percepção meramente digital e faz uma ligação com a criatividade. Segundo o fotógrafo, momentos de JOMO podem ser altamente criativos, pois estamos mais conectados a nós mesmos!

Ao final do evento, percebo que, mesmo em experiências físicas como o Web Summit, podemos nos permitir uma sensação de alegria e contentamento ao perder certos conteúdos e simplesmente curtir o momento. Eu mesma, no primeiro dia, após tanto FOMO e caos no evento, me permiti fugir para uma ida ao salão de beleza (as mulheres vão me entender). Voltei no dia seguinte mais relaxada, motivada e muito mais criativa.

Por isso, por um mundo com mais JOMO e menos FOMO!

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